sexta-feira, 24 de abril de 2015

Cora Carolina

                                                                                                                                    Daqui

HUMILDADE
Senhor, fazei com que eu aceite minha pobreza
tal como sempre foi.
Que não sinta o que não tenho.
Não lamente o que podia ter
e se perdeu por caminhos errados
e nunca mais voltou.
Dai, Senhor, que minha humildade
seja como a chuva desejada
caindo mansa,
longa noite escura
numa terra sedenta
e num telhado velho.
Que eu possa agradecer a Vós,
minha cama estreita,
minhas coisinhas pobres,
minha casa de chão,
pedras e tábuas remontadas.
E ter sempre um feixe de lenha
debaixo do meu fogão de taipa,
e acender, eu mesma,
o fogo alegre da minha casa
na manhã de um novo dia que começa.
(Cora Coralina, 1965.)


Nem a "casa de chão pedras e tábuas remontadas" eu tenho. Inda é alheio o chão que eu piso. Ainda assim agradeço a Deus o pouco que consegui: o alimento de todo dia, o mínimo para  a sobrevivência e a oportunidade do conhecimento adquirido!

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